O rombo nas contas do governo federal foi de R$ 43 bilhões (0,36% do PIB brasileiro), em 2024, segundo o Tesouro Nacional. O valor representa queda real (descontada a inflação) de 81,7% em relação a 2023, quando o déficit primário tinha ficado em R$ 228,499 bilhões. Somados, os dois últimos anos registraram um déficit de R$ 271,499 bilhões nas contas públicas, montante que impressiona e faz acender o alerta.
O resultado primário (ou déficit primário) representa a diferença entre as receitas e os gastos, desconsiderando o pagamento dos juros da dívida pública.
Do lado da receita, a arrecadação recorde de R$ 2,65 trilhões, em 2024, até impediu um rombo mais alto, no entanto, confirmou o empenho do governo federal em fiscalizar e cobrar mais impostos e taxas dos brasileiros. Precisa arrecadar mais para diminuir o déficit.
Segundo a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), a inércia do governo federal para encontrar uma solução para o problema fiscal é apontada como principal motivo do atual cenário econômico do país. “Para se ter uma ideia, a Instituição Fiscal Independente (IFI) calculou que, para estabilizar a dívida pública, seria necessário um superávit primário de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A relação entre dívida e PIB que está na base da análise é de 77%. Enquanto não houver uma solução, a autoridade monetária não fará mais do que ‘enxugar gelo’, aumentando a taxa de juros reunião após reunião (no caso, reunião do Copom/Banco Central)“, disse;.
Ainda de acordo com a entidade, “O problema dessa situação é que os custos são dissolvidos na sociedade. Os empresários pagam mais pelo crédito e encontram dificuldades em pedir novos empréstimos, enquanto a população convive com inflação elevada. Além disso, o arcabouço fiscal já perdeu credibilidade entre os agentes de mercado, pela falta de critérios rigorosos de subtração de algumas despesas e pela incapacidade de estabilizar essa relação entre dívida e PIB”.
Para a FecomercioSP, “O governo precisa fazer um corte de custos mais sólido, e não aumentar a arrecadação, para evitar que essa conjuntura se deteriore ainda mais. O contrário disso será a perda de todo o efeito da política monetária sobre a inflação“, alerta.
Com informações da Agência Brasil e da FecomercioSP.
Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil EBC.