Ainda segundo o levantamento do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV SINCOVARP/CDL RP), o movimento de clientes nos estabelecimentos caiu, em média, -41% e a redução média nos quadros de funcionários das empresas é de -35%
O Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), mantido por SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista) e CDL RP (Câmara de Dirigentes Lojistas), realizou pesquisa para apurar o impacto das obras de implantação de corredores de ônibus (Programa Ribeirão Mobilidade) no Comércio da região central de Ribeirão Preto (SP). O Centro é considerado o “coração” do Setor Lojista da cidade representando especialmente o Varejo Tradicional.
Vendas e movimento
A pesquisa apurou que, desde o início das obras de mobilidade no Centro de Ribeirão Preto, em maio de 2023, as vendas do Comércio Varejista daquela região tiveram uma queda média de -39%. Entre os empreendedores pesquisados, 98% apontaram redução nas vendas.
Sobre o movimento de clientes, a redução média apurada foi de -41%, sendo que 100% dos lojistas entrevistados apontaram redução no movimento.
Porte
Entre as empresas pesquisadas, 16% MEIs (Microempreendedores Individuais), 60% MEs (Microempresas), 18% EPPs (Empresas de Pequeno Porte), 3% Médias Empresas e 3% são Grandes Empresas.
Emprego
O levantamento também apurou que, desde o início das obras, houve uma redução média de -35% nos quadros de funcionários dos estabelecimentos varejistas pesquisados. 75% dos empreendedores disseram que tiveram de demitir, 23% conseguiram manter o número de colaboradores e apenas 2% contrataram nesse período.
Futuro do Centro
Também foi perguntado o que os empreendedores esperam do futuro do Centro de Ribeirão Preto em médio e longo prazos, dentro de uma escala de 1 a 5, em que 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista”.
Na perspectiva de médio prazo, considerando até o final do segundo semestre de 2024 (até o Natal), o nível de confiança ficou em 2,3 pontos, no limite entre pessimista e regular. Na perspectiva de longo prazo, considerando os próximos 12 meses (até o final do primeiro semestre de 2025), o nível de confiança ficou em 2,4 pontos, também no limite entre pessimista e regular.
Livre manifestação
A pesquisa também deixou um campo de preenchimento para que os empreendedores apontassem/justificassem livremente os fatores que teriam influência no nível de otimismo/pessimismo manifestado e para que fizessem seus apontamentos. As principais colocações foram:
- Temor de que as obras demorem mais para terminar;
- Apontaram que o Centro está “abandonado”, “esvaziado” e “com muitos transtornos por causa das obras”, afastando os consumidores. “Se as obras acabarem, o trânsito poderá fluir melhor e talvez melhore!”;
- Destacaram a necessidade de ações para trazer de volta o consumidor;
- Preocupação de que a queda nas vendas continue mesmo depois dos corredores de ônibus funcionando, assim como ocorreu em outros eixos comerciais da cidade;
- Demonstraram grande preocupação com o movimento de retirada do Núcleo Administrativo da Prefeitura do Centro da cidade e que isso impactaria, ainda mais, no Comércio Varejista;
- Preocupação com os impactos das obras nas próximas datas sazonais do calendário varejista, em 2024. “Essas obras não podem atrapalhar o segundo semestre, em hipótese alguma, principalmente o Natal.”;
- Que “Precisaria cancelar esse corredor de ônibus nas ruas Visconde de Inhaúma e Barão do Amazonas, são ruas estritamente comerciais.”;
- Que os impactos das obras intensificaram o esvaziamento dos imóveis comerciais. “Nem na pandemia tinham tantas lojas fechadas no centro, é possível ver muitos pontos para alugar e isso prejudica o comércio como todo.”;
- Preocupação com vagas de estacionamento;
- Preocupação com a largura das ruas que recebem os corredores, considerando que já são vias estreitas, deixando pouco espaço para a circulação de veículos comuns;
- Preocupação com segurança: invasões, furtos e vandalismo;
- Pedem ações relativas aos moradores de rua;
- Demonstram expectativa de que o sistema de corredores de ônibus no Centro seja reavaliado a partir de janeiro de 2025, com a busca de soluções alternativas.
Segundo Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV, “Claramente os lojistas enxergam uma sucessão de fatores: a tendência de esvaziamento do centro, percebida há muitos anos; os prejuízos da pandemia, que ainda ecoam; os impactos e prejuízos causados pelas obras de mobilidade; e o temor de que, após os corredores implantados, as vendas não se recuperem”, analisa.
Ainda segundo o pesquisador, “Varejo precisa de fluxo de consumidores e, também, que estes tenham facilidade de chegar aos estabelecimentos. Tudo que dificulta esse processo faz as vendas caírem e, com menos vendas, o Comércio desaba. E, como uma coisa puxa a outra, também caem as vagas de emprego, os investimentos e o otimismo dos empreendedores que, em sua grande maioria, estão a frente de pequenos negócios”, finaliza.
Da Redação.
Fotos: Divulgação.