Empregabilidade no setor lojista teve alta média de 2,48% e o Índice de Confiança do Varejo foi classificado como positivo em curto e longo prazos; Impactos das obras de mobilidade também influenciaram no desempenho do setor lojista em um ano delicado para o Varejo
As vendas do Comércio Varejista de Ribeirão Preto tiveram crescimento médio de 0,72%, no acumulado de 2023, na comparação com o mesmo período do ano anterior. É o que aponta o levantamento do Centro de Pesquisas do Varejo (CPV), mantido por SINCOVARP (Sindicato do Comércio Varejista) e CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas). O resultado é levemente positivo, no entanto, é muito abaixo do desempenho de 2022 que teve alta média de 5,01% na comparação com 2021.
Comparação de 2023 com 2022 | |||||
Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun |
-0,81% | -2,50% | 4,20% | 6,20% | 5,50% | -1,42% |
Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez |
3,75% | 1,67% | -3,80% | -2,50% | -2,70% | 1,00% |
Destaques
No primeiro semestre, os melhores desempenhos de vendas foram os de abril (+6,2%) e maio (+5,5%), impulsionados principalmente pelo Dia das Mães e pelo período que compreende as semanas anteriores à Agrishow além dos próprios dias da Feira que no ano passado bateu recorde de visitantes. É quando a cidade fica literalmente lotada beneficiando diretamente o Comércio de Ribeirão Preto e região. Em março, a variação positiva tem como base o crescimento da semana do Dia do Cliente (15/3), que, ano a ano, vem ganhando a adesão de mais comerciantes e consumidores.
“O Dia dos Namorados, em junho, foi fraco. Em julho, as férias escolares e o frio ajudaram, mas, em agosto, o Dia dos Pais deixou a desejar. Aí tivemos uma sequência de variações negativas em setembro, outubro e novembro, com uma Black Friday decepcionante. O ano terminou com crescimento tímido no Natal, apenas 1%, abaixo das melhores expectativas”, recapitula Diego Galli Alberto, pesquisador e coordenador do CPV.
Ampliando a análise
Segundo o pesquisador, “A pandemia atingiu fortemente o Varejo brasileiro, em 2020 e 2021. Em 2022, por conta de uma grande demanda reprimida, vimos uma recuperação significativa das vendas, porém, isso não foi o suficiente para sustentar o ritmo em 2023. O desempenho atual mostra que a recuperação apresentou viés de estagnação e assim o ano passado não foi dos melhores para o setor lojista, em especial, para o Comércio Tradicional e grandes varejistas do país”.
Ainda de acordo com Galli, no aspecto macroeconômico os altos índices de endividamento e de inadimplência, somados às oscilações da economia brasileira, também impactaram diretamente nas vendas. “Em 2023, o poder de compra do consumidor, que historicamente já não é muito grande, ainda não tinha se recuperado totalmente dos efeitos da pandemia. A grande maioria dos brasileiros esteve cautelosa, priorizando o pagamento das contas e de dívidas em atraso. Não houve uma sensação de estabilidade ou segurança em relação ao cenário econômico brasileiro. Isso inibiu grande parte dos consumidores”, afirma.
Outro fator de impacto no desempenho das vendas, foram as obras de mobilidade no centro de Ribeirão Preto, Av. Nove de Julho e em outros corredores comerciais afetados.
O cenário melhora um pouco mais, no Varejo de Ribeirão, quando o critério de apuração é a comparação das vendas do mês pesquisado com as do mês anterior, dentro de 2023. Aí o desempenho acaba tendo um aumento médio de 3% no acumulado de 12 meses.
Empregabilidade
No acumulado de 2023, o percentual de variação entre vagas abertas e fechadas no mercado de trabalho varejista foi positivo em 2,48%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Índice de Confiança
Considerando uma escala de 1 a 5 pontos, em que 1 significa “muito pessimista” e 5 “muito otimista”, o Índice de Confiança SINCOVARP/CDL de curto prazo (sempre olhando para os três meses seguintes) registrou média de 3,2 pontos, no acumulado de 2023, classificado como positivo. O índice de longo prazo (que olha para os 12 meses seguintes), registrou média de 3,5 pontos, também classificado como positivo.
“Os empreendedores entraram em 2024 menos pessimistas muito porque, apesar de 2023 ter sido um ano apenas razoável, o desempenho de vendas foi positivo. E, também, porque nesse último semestre houve uma redução interessante da taxa de juros, com tendência de novos cortes, e a inflação recuou um pouco. Trata-se de uma combinação de fatores que pode estimular o consumo caso o governo não faça nada que prejudique isso”, diz Galli.
Fique de olho em 2024
Cenário internacional: o risco de agravamento das guerras Israel x Hamas e Ucrânia x Rússia; o risco de conflito na Península Coreana; o comportamento do mercado internacional do petróleo diante dessas instabilidades; as eleições nos Estados Unidos; e o risco de desaceleração da economia global, alertado pela ONU.
Cenário nacional: os impactos, no Brasil, dos cenários econômico e geopolítico externos; os impactos da Reforma Tributária e o risco de novas taxações como a MP da reoneração da folha de pagamento, por exemplo; os preços dos combustíveis; o comportamento da taxa de juros e da inflação; as eleições para prefeitos e vereadores; o processo de recuperação dos grandes varejistas em crise; os índices de endividamento e inadimplência dos brasileiros; e o crescimento do E-commerce.
Cenário local/regional: as obras de mobilidade e seus impactos no Comércio; a solução para a recuperação da Av. Nove de Julho; as eleições municipais; Safra recorde de cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro (que vai impulsionar o poder de compra dos consumidores da macrorregião); e as oportunidades oferecidas pelos projetos de qualificação e fomento do Varejo local e regional.
Da Redação.
Foto: EBC Brasil.